3. Criar conteúdo aprofundado, longo e verdadeiramente duradouro
Ouça com atenção e leve em conta as demandas, preocupações, sensibilidades e prioridades que as comunidades apresentam ao longo do tempo, esforçando-se para ser responsivas e ágeis em condições de rápida mudança.
O esforço para proteger e manter as florestas não é de curto prazo, mas uma meta contínua. Fortaleça seu trabalho com valores que reflitam uma profundidade significativa do tempo investido pelas pessoas com quem você trabalha, por meio de engajamentos de longo prazo e compromisso com os movimentos indígenas. Mergulhe na vida das comunidades enquanto aprecia as perspectivas locais, os ciclos naturais e o papel que as florestas antigas desempenham na preservação, a longo prazo, das culturas ancestrais.
Em 2016 e 2017, o fotógrafo Mexica / Otomi Josué Rivas passou sete meses cobrindo os protestos de Standing Rock. Membros de mais de 300 Povos Indígenas se juntaram a milhares de apoiadores para resistir à construção do Oleoduto de Acesso Dakota, que colocava em risco o abastecimento de água para milhares de pessoas.
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Ações que consideram apenas ganhos de curto prazo, retorno rápido e sucesso imediato aumentam o risco de exploração e deturpação. Sempre que possível, vá além de um trabalho de campo expeditivo para gerar conteúdo de impacto duradouro. Cultive uma compreensão mais lenta e profunda das histórias da floresta e sua relação com as mudanças climáticas.
“Claudia Andujar veio para ... as terras Yanomami ... Ela vestia as roupas dos Yanomami para fazer amigos. Ela não é Yanomami, mas é uma verdadeira amiga. Ela tirou fotos de partos, de mulheres, de crianças. Quem não conhece os Yanomami vai conhecê-los por meio dessas imagens. Meu povo está neles. Você nunca os visitou, mas eles estão presentes aqui. É importante para mim e para vocês, seus filhos e filhas, jovens e crianças, aprender a ver e respeitar o meu povo Yanomami do Brasil, que vive nesta terra há muitos anos.”
Davi Kopenawa, líder espiritual e porta-voz Yanomami
Claudia Andujar fotografa e trabalha com os Yanomami desde 1971. Sua ligação e compromisso com os Yanomami a levaram a cofundar a Comissão Pró-Yanomami, iniciando múltiplas campanhas pela defesa de seus direitos, como a histórica demarcação de suas terras, em 1992.
No início dos anos 1970, a ditadura militar do Brasil começou a construção da rodovia Perimetral Norte, para abrir o norte da Amazônia e facilitar a extração de madeira, pecuária e mineração. O projeto trouxe muitos forasteiros para a região, espalhando doenças mortais, impactando gravemente o tecido social Yanomami e causando a desintegração de muitas aldeias.
Quando Andujar fotografa e denuncia essa situação em 1977, o regime militar brasileiro a expulsa do território Yanomami. Isso só fortalece seu compromisso com a causa Yanomami, levando-a a cofundar a Comissão Pró-Yanomami e se dedicar à defesa de seus direitos territoriais e culturais.
“Para mim, não se trata de fotografia. A fotografia é a chave para produzir encontros humanos incríveis. Então, imagens íntimas surgem como consequência desses encontros humanos e não o contrário ... No final das contas, somos todos humanos. Mas, infelizmente, quando ocupamos uma posição de privilégio, muitas vezes nos esquecemos disso."
Pablo Albarenga, documentarista e contador de histórias visuais do Uruguai, que passou três meses acompanhando Sonia Guajajara e sua equipe de campanha, durante sua histórica candidatura como a primeira mulher indígena a concorrer à presidência da República do Brasil.
Capítulos do relatório ligados a este princípio (conteúdo em inglês)
Revisão de literatura: diretrizes e relatórios
O que é colonialismo visual?
Mudanças climáticas e povos indígenas: uma velha polêmica
O que é uma crise civilizatória?
Colonialismo em dois planos
O olhar colonial (como a floresta se torna invisível)
Reaprendendo a história
Narrativas da mudança climática: contar histórias para contar tempos