2. Promova uma sensação de lugar real – evite apenas mostrar um local
A mídia deve fornecer o máximo de contexto e conhecimento básico possível, evitando o termo genérico “local”. Focar em um sentido geral de “o local” tende a perpetuar narrativas globais superficiais. Em vez disso, promova imagens baseadas na compreensão e na consciência familiar de uma comunidade sobre sua própria terra. Por exemplo, trabalhe dentro de um Território Indígena específico ou movimento de reivindicação de terras, concentrando-se na vida cotidiana dentro dessa comunidade, em vez de destacar eventos excepcionais e dramáticos.
“Hoje a gente luta pela ampliação do território que a gente chama de retomadas…. estamos tentando uma forma de um manejo conjunto entre o Parque e a Terra Indígena e justamente porque para nós o Parque e a Caverna do Piruaçu é a morada dos espíritos, que a gente chama de encantos. Isso tudo é parte da cosmologia, a cosmovisão Xakriabá inclusive é muito rica em pintura rupestre. … muitas de nossas pinturas corporais estão nessas cavernas…
Edgar Kanaykõ, Etnofotógrafo e Antropólogo, Povo Xakriabá, Brasil
“Dizemos que fotografar também é um ato de caça. E quando você caça, você não apenas pega um animal para encher sua barriga. Em primeiro lugar, é uma relação que temos com os donos da floresta e com os animais, que são os donos com os espíritos que cuidam dos animais, que cuidam da floresta e que cuidam de tudo. Então, quando vamos fotografar, também pedimos permissão ... O que pode ser revelado na fotografia vem dessa permissão, isso é o mais importante. Além da beleza do lugar em si, são todos esses significados que a imagem pode revelar. É como se o tamanho do lugar fosse também o tamanho e a importância que aquele lugar tem para nós como pessoas ... é assim que a fotografia pode revelar essa dimensão do que pode ser visto e do que não pode ser visto.”
Edgar Kanaykõ, Etnofotógrafo e Antropólogo, povo Xakriabá, Brasil
Focar a atenção em um lugar particular envolve comunicar detalhes materiais, sensoriais e experienciais, que dizem mais sobre o significado de um lugar escolhido do que informações factuais. Produza e divulgue imagens de ambientes naturais com os quais espectadores possam se identificar claramente – como uma árvore, uma clareira, uma encosta de montanha, a margem de um rio, uma pequena cachoeira ou estrutura construída – evitando locais espetaculares, que atraem as expectativas de turistas. Enfatize o caráter íntimo do lugar para que pareça familiar, ao invés de exótico ou distante.
Capítulos do relatório ligados a este princípio (conteúdo em inglês)
Que papel as imagens desempenham nas histórias coloniais de uso da terra?
Qual é a ligação entre florestas e mudanças climáticas?
Quais são os riscos e desafios de produzir imagens climáticas nos Territórios Indígenas?
Quem são os povos indígenas da floresta?
Indigenização: um termo expandido
Evitando a cenarização
Fotografia de uso do solo: uma tempestade ética
O poder do símbolo