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7. Concentre-se em histórias de urgência e apelo com profundidade de sentimento e visão

Vero é uma mulher indígena da Nação Achuar do Equador. Para muitas mulheres Achuar, dar à luz é algo que elas fazem sozinhas. Nessa hora, as mães saem de casa e dão à luz o recém-nascido sozinhas, na floresta tropical. Muitas mulheres podem perder suas vidas no processo. Vero faz parte de um projeto de atenção à saúde da gestante, que apoia as mulheres durante e após a gravidez. Ela usa modernos instrumentos médicos para fazer seu trabalho, além das plantas medicinais Achuar, tradicionalmente usadas para o cuidado de mães e filhos. Esquerda: Vero deitada em seu sagrado território Achuar. À direita: o jardim de Vero, na floresta tropical, onde muitas de suas plantas medicinais ancestrais são cultivadas.

Imagens inspiradoras e impactantes e narrativas visuais exigem mais do que estética e habilidade técnica – exigem profundidade de visão. Ter uma visão ambiental, cultural, artística e espiritual promove o reconhecimento e o respeito pela natureza, tal como defendido por muitos povos indígenas em Abya Yala. Abya Yala é um termo indígena que aqui se refere à América Central e áreas do continente sul-americano.

“Sou um contador de histórias visual e futurista; então, estou realmente pensando em fazer um trabalho que seja útil agora, mas também muito útil para as gerações futuras.”

- Josué Rivas, fotógrafo Mexica / Otomi, Cofundador da Fotografia Indígena, México / EUA

“As imagens nos guiam, elas nos tocam. Sonhos são imagens e, aqui, vivemos com imagens; elas nos conectam, nos harmonizam e nos tornam rebeldes. Temos que ser rebeldes e apoiar a luta. Apoiar e tornar visível a voz da nossa Amazônia é um trabalho coletivo.”

- Yanda Montahuano, cineasta e fundadora da Tawna, Povo Sapara, Equador

EN: According to the origin story of the Sapara people, humans are descendants of Aritiawku, the Kutu colored monkey. ES: Según la historia del origen del pueblo Sapara, los humanos son descendientes de Aritiawku, el mono de color Kutu. PT: De acordo com a história da origem do povo Sapara, os seres humanos são descendentes de Aritiawku, o macaco colorido Kutu.

“Quando acordei já não era um animal, era um ser humano, é assim que começa a nossa história.”

Yanda Montahuano, cineasta e fundadora da Tawna, Povo Sapara, Equador

EN: "Mystic Connection". Mulher Embera with body paint of jagua fruit. ES: "Apego místico". Mujer emberá con pintura corporal elaborada con la fruta de jagua. PT: "Conexão Mística". Mulher Embera com pintura corporal feita com a fruta jagua.

“Na nossa cultura, nos provam com fatos que eu dependo da terra, da floresta. Eu me alimento, me abrigo, me fortaleço, existo nela, como mais uma expressão da biodiversidade. Então, para nós, a cultura é a projeção de nossa percepção da realidade: existimos dependendo como um bebê de sua mãe, da biodiversidade da terra. E as florestas existem porque as percebemos como tal.”

Mara Bi, fotógrafa, Povo Embera, Panamá

A produção e a distribuição de imagens devem ser guiadas por uma visão poderosa, emocional e significativa de transformação, não apenas de uma produção visual.

Imagens desprovidas dessa visão profunda não são capazes de transmitir o sentimento e a emoção que a crise climática tem para muitos povos indígenas. Diferente disso, promova narrativas que transmitam uma visão genuína de preservação ecológica, recuperação territorial, igualdade de gênero, saúde intercultural e soberania linguística, bem como dos direitos humanos e da natureza

Nantu é um jovem indígena da Nação Achuar, do Equador, que lidera um projeto de barcos fluviais movidos a energia solar para transporte coletivo. Ao instalar painéis solares no teto de um barco especialmente projetado, ele está trabalhando para acabar com a dependência de Achuar do petróleo. Esquerda: Em suas terras, Nantu está deitado, vestido com roupas tradicionais Achuar. À direita: A floresta tropical intocada do Território Achuar, que Nantu deseja proteger.

“‘The Seeds of Resistance’ busca plantar uma ideia em nossa sociedade: que a Floresta Amazônica não é apenas árvores e oxigênio para nós, mas também para as pessoas que vivem nela. [É importante] Destacar a igual importância do território e de quem vive nos Territórios, ao mesmo tempo que tornamos visíveis as relações que as pessoas mantêm com os seus territórios, o que é diferente da relação que as pessoas tendem a ter com a terra. A relação que a maioria das pessoas tem é extrativista. Nossa visão de território é economicista e é totalmente influenciada por fatores econômicos, ao invés de socioculturais, ou por noções como ‘a Amazônia é o pulmão do planeta’, que é uma visão muito egocêntrica”.

Pablo Albarenga, fotógrafo de documentários e contador de histórias visuais, Uruguai

Sharamentza, Pastaza, Ecuador.

“No projeto Rainforest Defenders, partimos da ideia de mostrar como a juventude da Amazônia está resistindo, querendo fazer foco nas histórias desde um olhar positivo, desde um olhar que, quando outra comunidade em outra parte da Amazônia, da América Latina, veja aquele vídeo, aquela história, fica empolgada.”

Pablo Albarenga, fotógrafo de documentários e contador de histórias visuais, Uruguai

EN: Nantu, one of the young indigenous people of the Sharamentza community, who leads the Kara Solar project in its rainforest. Sharamentza, Pastaza, Ecuador. ES: Nantu, uno de los jóvenes indígenas de la comunidad de Sharamentza que lidera el proyecto Kara Solar en su selva tropical. Sharamentza, Pastaza, Ecuador. PT: Nantu, um dos jovens indígenas da comunidade de Sharamentza, que lidera o projeto Kara Solar, em sua floresta tropical. Sharamentza, Pastaza, Equador.
Bebeto e Christian são dois jovens da Guarda Indígena da Amazônia, na Amazônia colombiana. Eles cuidam da floresta tropical onde o rio Amacayacu se encontra com o rio Amazonas. Esquerda: Bebeto e Christian deitados em sua aldeia. Direita: o rio Amacayacu que, visto de cima, parece uma cobra gigante serpenteando no meio da mata e que dá acesso aos guardas à sua densa mata.

“Uma foto é uma coisa e uma imagem é outra. Uma fotografia sendo aquele corte emoldurado; a imagem sendo, digamos, a alma na fotografia. Portanto, quando dizemos que [uma fotografia está] "roubando nossa alma", é nesse sentido também. Quando o xamã está em outro mundo ... para ele, é como se estivesse vendo muitas imagens, como se estivesse vendo televisão. Quando há rituais e fotografamos esse momento específico, acreditamos que é um encontro entre as imagens fotográficas e espirituais.”

Edgar Kanaykõ, etnofotógrafo e antropólogo, povo Xakriabá, Brasil

Noite de Toré. “O Toré, quem não dança, ele só está na forma de índio, mas não é índio não” (Dona Ercina, que era a mais antiga Xakriabá). O Toré é um ritual que acontece em segredo na mata. Quem não tem permissão pouco pode dizer, saber sobre o que acontece.

“As pessoas às vezes perguntam - [O] Que, para você, é boa fotografia? Tem essas questões técnicas, claro; [mas] é mais essas questões éticas, étnicas e de relações, esse emaranhado de coisas.”

Edgar Kanaykõ, etnofotógrafo e antropólogo, Povo Xakriabá, Brasil

Free Land Camp 2017, Brasília, Brasil. Guerreiros indígenas entoam cânticos tradicionais, após violência policial, durante sua mobilização no Congresso Nacional. Enquanto cantam, uma única nuvem de chuva cai diretamente na tigela no topo do prédio do Congresso. Conforme descrito pelo fotógrafo Edgar Kanakyõ: “Estes são os espíritos nos dizendo, olha, estamos aqui, estamos observando o que eles estão fazendo com vocês”.

“Todos os rios nos energizam, nos transportam, nos conectam com a natureza; e nós somos os principais atores na sua preservação e cuidado.”

Jessica Matute, fotógrafa, Povo Tsa'chila, Equador

 

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“É a conexão espiritual, você se sente vivo. A união da terra com a mulher significa fazer com que as raízes da terra cresçam em seu âmago. Não se sentir parte disso afeta a saúde, o bem-estar espiritual, seu corpo é como algo morto, sem vida.”

Jessica Matute, fotógrafa, Povo Tsa'chila, Equador

A imersão na cultura dos Yanomami levou Claudia Andujar a explorar técnicas como dupla exposição, longas exposições, uso de filtros coloridos ou borrões de vaselina nas lentes, para produzir um corpo de trabalho mais reflexivo da experiência do povo Yanomami. Em particular, [para refletir] a experiência deles com espíritos – xapiri – que, segundo dizem, descem à floresta deixando rastros de luz branca brilhante em seu rastro.

EN: The sky is coming down / The end of the world - from the series Yanomami Dreams (2002). ES: El cielo se viene abajo / El fin del mundo - de la serie Sueños Yanomami (2002). PT: Desabamento do céu / O fim do mundo - da série Sonhos Yanomami (2002)
Photo/foto: Claudia Andujar
EN: Young pregnant woman from the series Sonhos Yanomami (2002). Courtesy of Galeria Vermelho. ES: Niña embarazada - de la serie Sueño Yanomami. Cortesía de Galeria Vermelho. PT: Jovem grávida da série Sonhos Yanomami (2002). Courtesia da Galeria Vermelho
Photo/foto: Claudia Andujar