7. Concentre-se em histórias de urgência e apelo com profundidade de sentimento e visão
Imagens inspiradoras e impactantes e narrativas visuais exigem mais do que estética e habilidade técnica – exigem profundidade de visão. Ter uma visão ambiental, cultural, artística e espiritual promove o reconhecimento e o respeito pela natureza, tal como defendido por muitos povos indígenas em Abya Yala. Abya Yala é um termo indígena que aqui se refere à América Central e áreas do continente sul-americano.
“Sou um contador de histórias visual e futurista; então, estou realmente pensando em fazer um trabalho que seja útil agora, mas também muito útil para as gerações futuras.”
- Josué Rivas, fotógrafo Mexica / Otomi, Cofundador da Fotografia Indígena, México / EUA
“As imagens nos guiam, elas nos tocam. Sonhos são imagens e, aqui, vivemos com imagens; elas nos conectam, nos harmonizam e nos tornam rebeldes. Temos que ser rebeldes e apoiar a luta. Apoiar e tornar visível a voz da nossa Amazônia é um trabalho coletivo.”
- Yanda Montahuano, cineasta e fundadora da Tawna, Povo Sapara, Equador
“Quando acordei já não era um animal, era um ser humano, é assim que começa a nossa história.”
Yanda Montahuano, cineasta e fundadora da Tawna, Povo Sapara, Equador
“Na nossa cultura, nos provam com fatos que eu dependo da terra, da floresta. Eu me alimento, me abrigo, me fortaleço, existo nela, como mais uma expressão da biodiversidade. Então, para nós, a cultura é a projeção de nossa percepção da realidade: existimos dependendo como um bebê de sua mãe, da biodiversidade da terra. E as florestas existem porque as percebemos como tal.”
Mara Bi, fotógrafa, Povo Embera, Panamá
A produção e a distribuição de imagens devem ser guiadas por uma visão poderosa, emocional e significativa de transformação, não apenas de uma produção visual.
Imagens desprovidas dessa visão profunda não são capazes de transmitir o sentimento e a emoção que a crise climática tem para muitos povos indígenas. Diferente disso, promova narrativas que transmitam uma visão genuína de preservação ecológica, recuperação territorial, igualdade de gênero, saúde intercultural e soberania linguística, bem como dos direitos humanos e da natureza
“‘The Seeds of Resistance’ busca plantar uma ideia em nossa sociedade: que a Floresta Amazônica não é apenas árvores e oxigênio para nós, mas também para as pessoas que vivem nela. [É importante] Destacar a igual importância do território e de quem vive nos Territórios, ao mesmo tempo que tornamos visíveis as relações que as pessoas mantêm com os seus territórios, o que é diferente da relação que as pessoas tendem a ter com a terra. A relação que a maioria das pessoas tem é extrativista. Nossa visão de território é economicista e é totalmente influenciada por fatores econômicos, ao invés de socioculturais, ou por noções como ‘a Amazônia é o pulmão do planeta’, que é uma visão muito egocêntrica”.
Pablo Albarenga, fotógrafo de documentários e contador de histórias visuais, Uruguai
“No projeto Rainforest Defenders, partimos da ideia de mostrar como a juventude da Amazônia está resistindo, querendo fazer foco nas histórias desde um olhar positivo, desde um olhar que, quando outra comunidade em outra parte da Amazônia, da América Latina, veja aquele vídeo, aquela história, fica empolgada.”
Pablo Albarenga, fotógrafo de documentários e contador de histórias visuais, Uruguai
“Uma foto é uma coisa e uma imagem é outra. Uma fotografia sendo aquele corte emoldurado; a imagem sendo, digamos, a alma na fotografia. Portanto, quando dizemos que [uma fotografia está] "roubando nossa alma", é nesse sentido também. Quando o xamã está em outro mundo ... para ele, é como se estivesse vendo muitas imagens, como se estivesse vendo televisão. Quando há rituais e fotografamos esse momento específico, acreditamos que é um encontro entre as imagens fotográficas e espirituais.”
Edgar Kanaykõ, etnofotógrafo e antropólogo, povo Xakriabá, Brasil
“As pessoas às vezes perguntam - [O] Que, para você, é boa fotografia? Tem essas questões técnicas, claro; [mas] é mais essas questões éticas, étnicas e de relações, esse emaranhado de coisas.”
Edgar Kanaykõ, etnofotógrafo e antropólogo, Povo Xakriabá, Brasil
“Todos os rios nos energizam, nos transportam, nos conectam com a natureza; e nós somos os principais atores na sua preservação e cuidado.”
Jessica Matute, fotógrafa, Povo Tsa'chila, Equador
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“É a conexão espiritual, você se sente vivo. A união da terra com a mulher significa fazer com que as raízes da terra cresçam em seu âmago. Não se sentir parte disso afeta a saúde, o bem-estar espiritual, seu corpo é como algo morto, sem vida.”
Jessica Matute, fotógrafa, Povo Tsa'chila, Equador
A imersão na cultura dos Yanomami levou Claudia Andujar a explorar técnicas como dupla exposição, longas exposições, uso de filtros coloridos ou borrões de vaselina nas lentes, para produzir um corpo de trabalho mais reflexivo da experiência do povo Yanomami. Em particular, [para refletir] a experiência deles com espíritos – xapiri – que, segundo dizem, descem à floresta deixando rastros de luz branca brilhante em seu rastro.
Capítulos do relatório ligados a este princípio (conteúdo em inglês)
Florestas icônicas: por que algumas florestas recebem mais atenção da mídia do que outras?
O que é uma crise civilizatória?
O ponto de ‘não retorno’ da Amazônia
Histórias de urgência e apelo
Auto-apresentação indígena
Fotografia indígena como ritual
Fotografia de floresta com envolvimento social e ambiental na América Latina
Conclusão